Ser Escoteiro

Ser Escoteiro !

Despe teu uniforme, interesseiro,
pois não é nele que vive a Disciplina.
Nem por vesti-lo te fazes Escoteiro,
como o exige nossa lúcida doutrina.

 

Que importa a Promessa que te ensina
a ser da nossa causa um Cavalheiro,
sem a conquista da insígnia peregrina
do caráter de um homem verdadeiro?

 

Escotismo é escola de Lealdade,
de Amor, de Ação e Inteligência,
isenta de arrogância e veleidade.

 

Se não o compreendeste, então importa
que o construas, primeiro, na consciência.
cumpre a nossa Lei…
e depois volta!

 

Guido Mondin

Ministro e Chefe Escoteiro


ESCOTEIRO, ESTADISTA E GRANDE  PINTOR
escrito por Victor José Faccioni (ex-presidente do TCE-RS)

 

Um escoteiro-nato, se vivo ainda estivesse, em 06 de maio deste ano (2012), teria feito cem anos. A data lembra o Centenário de Guido Mondin, que presidiu a UNIÃO dos ESCOTEIROS do BRASIL, por vários períodos de 1974 a 1993. Foi ele também um grande artista, pintor neoclássico, e grande político, desde Vice-Prefeito e Prefeito de Caxias do Sul , a Deputado Estadual e Federal  e Senador da República. Foi ainda por várias vezes Presidente do Conselho Nacional DOS ESCOTEIROS DO BRASIL,  época em que, com ele muito convivi, pois tive a honra de ter sido, então, Presidente da Região dos Escoteiros  do Rio Grande do Sul, ou quando fui Deputado Federal ter com ele convivido no Congresso Nacional.
De  certa forma , Mondin continua vivo, em suas belas telas, de tão hábil mão e visão de pintor, retratando principalmente a beleza da Serra Gaúcha, e os feitos heroicos dos Farroupilhas, dentre tantos outros temas sacros ou profanos que tão bem perenizou. Mas não seria somente artista a nos motivar sua lembrança, como também o destacado homem público, pois, como tal, foi mais conhecido aqui no Estado, político de grande liderança, por dois mandatos, representou o Rio Grande do Sul no Senado da República. Sua formação acadêmica, aliada à sua experiência profissional, como na política, junto com sua ativa vida sociocultural, e honorabilidade por todos  reconhecido, ensejou que complementa-se à vida parlamentar, em cujo Senado participava do Controle Politico-jurídico das Contas Públicas dos Três Poderes da Nação a ser guindado para o cargo de Ministro do TCU-Tribunal de Contas da União e do qual  foi inclusive Presidente.
Em 1950, concorreu à Prefeitura de Caxias.  Dessa campanha, tal o espírito aberto, extrovertido e hilariante de Guido Mondin, que contam episódios, entre eles um, que até parece lenda a seu respeito. Seus antagonistas, sob o comando de lideranças sindicais de metalúrgicos, teriam programado um "Enterro simbólico" da candidatura de Mondin à Prefeito. Organizado o cortejo fúnebre, quando o mesmo passava pelo centro, em pleno inverno, Mondin, de chapéu, capote de lã, e manta, o rosto quase todo coberto, se incorporou ao cortejo, e chegou junto ao caixão que simbolicamente levava seu corpo. Em seguida, não identificado, conseguiu substituir um dos que carregavam  o "defunto", e ai, desdobrou a manta, baixou a gola do capote, levantou um pouco chapéu, e acabou sendo identificado, e um dos participantes o reconhecendo, se assustou, e gritou: "pessoal o defunto ressuscitou, está vivo, carregando o próprio caixão"! O que provocou um sobressalto nos participantes, que desandaram a correr, ficando Mondin sozinho, observando os fugitivos.
Não ganhou aquela eleição, o que não arrefeceu sua disposição de luta política. Da resenha, de seus dados biográficos, encontramos a referência de que a vida de Mondim foi também de atleta, líder classista, incentivador de blocos carnavalescos, folclorista, escritor e  poeta.
A vida política não impediu desenvolvimento de refinado dote artístico, de esmerado pintor, estilo neoclássico, que também tanto notabilizou Guido Mondin. Suas telas estão espalhadas, não só em Brasília desde o Senado da República, e na Estância Gaúcha do Planalto, como pelo mundo, em especial na Casa Branca, em Washington (EUA). Igualmente, encontramos suas pinturas na Assembleia Legislativa do RGS, no Tribunal de Contas do Estado, retratando em cores mágicas, principalmente a história do Rio Grande do Sul, nossa Serra, Campos e paisagens, como tantos  episódios lembrados pela nossa cultura,  quer revivendo personagens de nossa História e  figuras sacras, como "Cristo banido", e a própria "Via Sacra". O Tribunal de Contas do Estado chegou a transformar a reprodução de uma de suas esplendidas telas, "A Carga Farrapa"(ver), numa honraria.
Seus notáveis discursos e sua elevada contribuição legislativa estão nos Anais do Congresso Nacional. Soa também repetir, que sua arte igualmente retrata sua personalidade e caráter, tão afável, integro, observador, hábil e incansável. Centenário, pois, de um grande homem público,  de um grande artista-pintor, e destacado líder dos Escoteiros do Brasil.

Texto publicado no Jornal do Comércio de Porto Alegre dia 09 de maio de 2012.

:] Página criada em 09/05/2012.