Apaixonada pelo chefe

Reflexões de um Velho Lobo

72  –  ESTOU APAIXONADA PELO MEU CHEFE...

Você já deve ter escutado essa frase em seu Grupo ou de uma amiga de outro Grupo. Principalmente se você estiver na faixa etária de Escoteira e Guia. Na escola também, e são ainda bem mais comum, alunas apaixonadas pelos seus professores, principalmente se estes forem jovens.

Isto acontece nos Clubes, nas Academias, nas Escolas de Línguas, Informática e outras tantas. Há àquelas que se apaixonam por artistas, cantores, jogadores de futebol etc. Concluiu-se que é normal no período da adolescência. São fases do desenvolvimento, próprio deste período, pois os hormônios estão em plena atividade e cumprindo suas funções.

Mas, seria normal até quanto? Como o chefe deverá lidar com esse assunto? Como deve proceder em seu relacionamento com a jovem? Será platônico? Sente-se atraído por ela? A família sabe? Se a esposa souber? E se evoluir para uma paixão doentia?  O que fazer? A quem recorrer?

Existem mais perguntas do que respostas e, as respostas nem sempre satisfazem, pois tudo tem um limite e temos que evitar nos aproximarmos dele. Sim, sabemos que cada caso é um caso e nem todos reagem da mesma forma, pois os sentimentos humanos são diferenciados, indo do amor ao ódio, passando pela frustração, mágoa, rejeição, desapontamento e vingança.

Em qualquer situação, é um problema para todos, incluindo a seção, as atividades e, não raro, até a escola. Vamos abordar, talvez, o caso mais comum e por isso, o mais fácil de ser solucionado, pois normalmente, é resolvido por si mesmo, com naturalidade. 

A identificação da menina com o seu chefe, às vezes, torna-se muito grande. Ela valoriza sobre maneira os seus dons, participante, ativo, líder de atividades que ela gosta, seu conhecimento sobre escotismo e, se por coincidência, for parecido com o tipo de rapaz sonhado, pode acha-lo a pessoa ideal.

Muitas vezes, é o ponto inicial da transformação da amizade em direção ao que ela rotula de amor, segundo sua avaliação de adolescente. A tranquilidade do entardecer no acampamento, um momento único que ela não viveria se não fosse Escoteira e, pronto! Pensa que está apaixonada!

O respeito é mantido e ele normalmente nem desconfia e, com o tempo, este amor platônico vai sendo transferido para alguém mais próximo da sua idade e tudo acaba em uma grande amizade. Deixa marcas sem causar danos e lembranças agradáveis, de um sonho infantil embalados em um período feliz, e só... Fez parte de seu amadurecimento para a vida. Um dia talvez vão se lembrar e dar boas risadas daquela época! 

Mas, já houve casos que não são tão simples assim. O tempo vai passando, tornando-se longo, surgem bilhetes, cochichos dos colegas, insinuações, todos ficam sabendo e o falatório corre solto. O chefe percebe ou é informado e vem a dúvida de que providências deveria tomar...

Uma coisa é certa: chegando a esse ponto não se pode simplesmente ignorar. Acreditamos que o chefe deve evitar momentos favoráveis para que ela possa fazer qualquer declaração, em um minuto de ousadia, estando ele sempre acompanhado de outras pessoas. Buscar entre os chefes mais experientes as ações que poderiam ajudar. Quem sabe, uma chefe poderia conversar com a garota e, com muito tato, ir fazendo com que ela entenda o que está acontecendo e deixando claro as posições dos chefes quanto ao fato. Se necessário, conversar com os pais.

O chefe, acreditamos que deve manter-se atento, continuando em sua posição de tratar todos os seus jovens da mesma forma, com imparcialidade.

Sabemos de diversos casos de namoro no Escotismo entre chefes e que não deram certo, porem conhecemos vários outros que resultaram em casamento.

Não é difícil a atração pessoal no Escotismo, pois são pessoas com os mesmos interesses, com os mesmos gostos e com um desenvolvido espírito de servir, o que pode ser considerado um ato de amor, atraídos pela natureza, na qual se vê nitidamente a presença de Deus.

Os pais desligá-la do Grupo geralmente não é a solução, pois o problema não está resolvido, apenas separado. Poderá causar situações ainda mais ousadas não sendo, no entanto, uma atitude descartada. Há casos, embora mais raros, no qual se deve procurar apoio profissional de médicos especialistas.

Quando acontece entre adultos, a compreensão dos amigos se dá com naturalidade, mas tratando-se de adultos com jovens, por exemplo, o chefe com sua Escoteira, não são aconselháveis e, certamente, irá provocar uma reação negativa. Volto a lembrar de que, cada caso é um caso, mais de forma geral, é assim que acontece. As reações são ainda mais negativas quando a diferença de idade é grande e ainda muito pior, quando ele é casado.

Sabemos que não existe “o caminho das pedras”, isto é, uma atitude que seja de uso padrão, que sirva para solucionar todos os casos. O que conhecemos é que a postura do chefe no tratamento com seus jovens, não deve deixar a menor dúvida na igualdade, tomando o máximo de cuidado para não dar a impressão de estar privilegiando uns em detrimento de outros. Não deve praticar atitudes de carinho que, por um erro de avaliação, possa ser tomado como um gesto de amor ou mesmo de segundas intenções.

Não é difícil palavras ou atitudes serem mal interpretadas, gerando conclusões errôneas e intenções inexistentes, por isso atitudes de carinho deve ser evitado, mesmo sendo espontâneas e simplesmente afetivas.

O que pensará um transeunte se, pelo portão da sede, ver uma Escoteira sentada no colo do chefe? Qual a impressão que você levaria? Mas, se entrasse para perguntar, iria saber que essa Escoteira estava no colo do pai que, por acaso, era também seu chefe. Só que ninguém pergunta e saem falando mal do Movimento Escoteiro...

Por esse e outros inúmeros motivos, os chefes devem manter uma postura que nada deixe às más interpretações, pensamentos dúbios e segundas intenções. Muitas vezes o caso é descoberto por chefes de outras seções, pois o chefe desta menina age normalmente como trata a todas e não percebe que a reação dela é diferente.

Este fato também pode acontecer com meninos e rapazes, apaixonando-se pelas suas chefes, porem normalmente, são mais fáceis de resolver.

Quanto a lidar com todos os casos de “paixonites agudas e temporárias” a forma mais eficiente, como sugestão, prescrevemos o que a medicina recomenda: Ação Preventiva, evitando acontecer, Diagnóstico antecipado, Profilaxia protetora, Medicação na dose correta, Etiologia para evitar que haja recidiva e o Apoio Familiar, muito útil na recuperação do “paciente” até sua alta final.   E assim, todos estarão curados ou... Casados!

Elmer S. Pessoa - DCIM
Lenita A. Pessoa – DCIM

À tempo: os autores conheceram-se no Escotismo e são casados há 44 anos!

 

Os artigos do nº 1 a 50 estão no livro “Reflexões de um Velho Lobo”!