Atividades contra os princípios escoteiros

Atividades contra os princípios Escoteiros

União dos Escoteiros do Brasil - Região de Santa Catarina

Rua Xavantes, 218 – 89203-210 Joinville SC

Tel./Fax (47)   438-1346 e 438-3346

 

 

ALGUMAS IDÉIAS SOBRE ATIVIDADES QUE VÃO CONTRA NOSSOS PRINCÍPIOS.

 

  1. Deveres para com Deus:

 

  1. Atividades que exaltem entes ou figuras que uma ou mais confissões religiosas tenham como malignas ou “contra Deus”. Exemplos: Capeta, pecado, diabo, etc.

    Explicação: Essas atividades às vezes têm um apelo de “marketing”, porém agridem as convicções religiosas de muitas pessoas e, mesmo que inconscientemente, influenciam a conduta de pessoas. Como pregamos a liberdade religiosa e o respeito religioso, não cabem.

  2. Atividades com características específicas de uma religião, preterindo as outras.
    Explicação:
     Por não respeitarem as outras confissões, podem levar a proselitismo religioso e não consideram a liberdade religiosa. Somente podem ser feitas em grupos em que todos os integrantes são da mesma confissão religiosa. Uma outra manifestação é participar de um evento religioso (missa ou culto, por exemplo), convidando todos a participarem, mas deixando a participação totalmente livre. Isso não pode acontecer sempre e é necessário oferecer oportunidades iguais a todos integrantes e suas respectivas confissões.
     
  3. Orações ou sinais (sinal da cruz e Ave Maria, orar virado para Meca, por exemplo) específicas de um credo.   

    Explicação: Os argumentos são praticamente os mesmos apresentados no item acima. A oração é uma conversa com Deus, como quer que seja concebido, e o coração aberto é o melhor canal. Se algum membro sentir necessidade de cumprir seus ritos, a vontade deve ser respeitada, mas em separado dos outros, a não ser que ele (a) queira mostrar como se faz na sua religião. Aí não vale a regra da maioria, mas o respeito. Portanto, havendo uma pessoa de alguma religião diferente da dos demais, as orações conjuntas precisam ser ecumênicas. Como o Cristianismo é professado pela maioria em nosso Estado, costumamos achar que todos são cristãos e fazer orações invocando Jesus Cristo. Aplica-se o mesmo do que à oração da Ave Maria. É necessário perguntar antes se existem pessoas não cristãs no local e, havendo, fazer orações ecumênicas, que sirvam para todos.

  4. Usar citações de livros sagrados de alguma fé como únicas e excludentes, principalmente usando versões literais de uma linguagem figurada.

    Explicação: Como são interpretações próprias de algumas confissões podem ofender as crenças de pessoas de outras religiões, indo contra a tolerância religiosa e, às vezes, levando a um proselitismo não desejado no escotismo.

     

 

 

  1.  

 

 

  1. Deveres para consigo mesmo

 

  1. “Batismos” ou “trotes” que levem a situação de constrangimento e que ofendam a integridade ou dignidade da pessoa.

Explicação: é mais do que claro; se falamos de educação, de honra, espírito de equipe e assim por diante, que o constrangimento atenta contra a dignidade da pessoa, além de atentar contra as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente.

 

  1. Lavar panelas como uma tarefa menos digna, reservada a quem está começando.

Explicação: Não, não é para deixar de lavá-las; o que precisa ser feito é valorizar todas as tarefas e missões, mostrando sua importância para o crescimento individual, tanto pelo aprendizado em si, quanto pelo aspecto de servir. Ao fazer um novato lavar as panelas, como uma espécie de “castigo” por ter ingressado mais tarde, está-se desvalorizando a tarefa, fundamental para a boa alimentação da patrulha, e dando as boas-vindas de forma totalmente errada, chamando-o de calouro incapaz de tarefas mais “dignas”.

 

  1. Deveres para com o próximo e a Pátria

 

Os deveres para com a Pátria ainda são confundidos com militarismo, guerras e morte, principalmente dos inimigos. Criar inimigos imaginários e combatê-los, ou combater inimigos do regime ou do Estado e não, necessariamente, da Pátria, também é confundido com patriotismo. O amor à Pátria transcende, e muito, a tudo isso. Criar um país solidário, com mais justiça para todos, um povo mais feliz e mais preparado, isto sim é amor à Pátria.

 

  1. Gritos de Patrulha, de Tropa, Grupo ou, mesmo, de um Ramo, que ofendam outras nações, que incitem à violência ou que coloquem o Brasil num patamar artificial de importância e de posicionamento imperialista, como por exemplo, o famigerado “grito sênior”, que não é grito sênior, mas de uma divisão das forças armadas, e que nega a maioria dos princípios escoteiros.

Explicação: Em primeiro lugar, o grito de patrulha não é um grito de guerra, mas de alegria e de saudação; em segundo lugar, o amor à Pátria, no Escotismo, está umbilical e irremediavelmente ligado à fraternidade mundial e, por isso, mesmo, ao respeito às outras nações. Não existe como falarmos de fraternidade quando dizemos “ataca, massacra, impõe o seu valor”, assim como não existe como falarmos em paz e compreensão entre os povos se dizemos “Brasil acima de tudo, abaixo de nada”, pois isto é uma visão distorcida e imperialista do patriotismo. Este “patriotismo” pode levar a atentados, massacres, homens-bomba etc.

 

  1. Atividades simulando guerras ou batalhas, que coloquem irmãos “se matando”, vencendo o que ficar vivo.

Explicação: Nada acrescentam à formação da criança ou do jovem. Podem incentivar ódios. Banalizam a idéia da morte. É claro que representações de fatos históricos, com preparação conveniente e desfecho conhecido são positivas. Aí não se trata de “matar o inimigo”, mas de estudar história de uma maneira divertida e didática. Análises com as crianças e jovens, após a apresentação, são uma boa idéia, fazendo-os raciocinar, emitir opiniões e entender melhor a História.

 

  1. Atividades que coloquem raças ou classes competindo entre si, em alusões claras.

Explicação: incentiva a discriminação e induz a pensar em superioridade racial. Devemos buscar valorizar todas as raças e a importância de cada uma delas dentro de um contexto.

 

  1. Atividades que, sistematicamente, coloquem “meninas contra meninos”.

Explicação: induzem a comportamentos sexistas e a pensar em “superioridade sexual”, que é tão ridículo quanto a superioridade racial, de classe ou de algum país.

 

  1. Gritos de patrulha ofensivos.

Explicação: Como já foi dito antes, o grito de patrulha é uma demonstração de alegria, uma saudação.  A rivalidade incentivada por gritos de patrulha que enaltecem demasiadamente a patrulha e que ofendem outras patrulhas, pessoas etc. só faz mal ao escotismo e é frontalmente contrária à fraternidade escoteira.

 

  1. Imagem do Escotismo

 

  1. Pedágios e venda de produtos nas ruas.

Explicação: Expõe negativamente a imagem do Movimento, fazendo as pessoas “ficarem com dó” e “ajudarem os escoteirinhos”. Nenhum sistema de educação consegue credibilidade quando recebe “ajudas” de quem fica com “dó” de seus seguidores. Aliado a isso, o risco físico dos integrantes é muito grande. Também pode sugerir uma atitude de mendicância, o que, por certo, não é salutar e contraria as normas escoteiras e seus princípios.

 

  1. Atividades militarizadas.

Explicação: O Escotismo é uma organização e um movimento destinado à educação de crianças e jovens e os educandos são agentes de sua própria educação. Grande parte da comunidade confunde a educação escoteira com educação militar. Baden-Powell, general fundador do Escotismo, deixou esta separação muito clara desde o início do Movimento e atividades que, ao se revestirem de características militares, incentivem essa visão distorcida, em nada contribuem para expressar os fundamentos do Escotismo.

 

 

 

 

 Este texto foi preparado pela Diretoria Regional da

Região Escoteira de Santa Catarina,

em novembro de 2002

Página criada em 07/04/2020