História da Insígnia 101 anos

História da Insígnia ​ Madeira  -  101 anos
O chefe Osvaldo Ferraz publicou este texto  na FanPage Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro, em anos anteriores.
Em 03/09/2020 a chefe Amélia Pagano de Brasilia/DF nos trouxe novamente essa publicação. Gratíssimo Chefe.

Na primeira década do Movimento Escoteiro, a formação dos dirigentes era feita de maneira assistemática e empírica. Formada uma patrulha, os jovens tinham o costume de pedir a um irmão mais velho, ao pai, tio ou a um amigo que desempenhasse o papel de Chefe.
Estava claro, no entanto, que não era suficiente treinar garotos entusiasticamente interessados no programa escoteiro. Os líderes, principalmente, é que precisavam de treinamento.
O general Sir Robert Lockhart, dirigente da Associação dos Escoteiros da Inglaterra, afirmou, a propósito do assunto, em 1914:
“Treinamento é algo absolutamente vital,
interessante e importante, porque nosso Movimento é,
acima de tudo, um Movimento de Treinamento…”
O espírito do Escotismo não é uma coisa que pode ser ensinado, disse.
“Pode ser absorvido e adquirido vivendo com
as pessoas que mostram isso publicamente em
suas vidas e em uma atmosfera deste espírito.”
Os pioneiros do Escotismo entenderam a utilidade e a urgência de que os líderes conheçam seus objetivos e saibam como alcançá-los. James E. West, primeiro Chefe Escoteiro dos Estados Unidos, que ficou no posto por mais de 33 anos, definiu este problema quando perguntado sobre quais as três coisas que o Escotismo precisava mais. Respondeu: “treinamento, treinamento, treinamento.”
O primeiro curso para a formação de chefes escoteiros aconteceu em Londres, em 1910. Outros cursos foram realizados durante os quatro anos anteriores à 1ª Guerra Mundial. Todos eles foram considerados experimentais, com muitas palestras e pouca atividade prática.
Baden-Powell procurava um local adequado para desenvolver a formação de dirigentes. Queria fazer como havia feito em Browsea, pois chegara à conclusão de que os cursos seriam mais eficientes se fossem realizados no campo, fazendo-os funcionar como se fosse uma tropa, no sistema de patrulhas.
Em fins de 1918, William de F. de Bois Maclaren, amigo de Baden-Powell e Comissário Distrital de Rosenearth (Escócia) aceitou doar uma área para que os escoteiros de menos recursos pudessem usar para acampamentos. B-P sugeriu que o espaço também servisse para a formação de adultos, e em 1919, adquiriu a área procurada, ao lado da floresta Epping, ao norte de Londres.
O local foi chamado de Gilwell Park e inaugurado em 25 de julho de 1919. A grama perfeita, os carvalhos centenários, o pequeno museu e as relíquias escoteiras conferem magia a este local rico em simbolismo para o Movimento Escoteiro. A Insígnia de Madeira surge no Movimento Escoteiro pelas mãos de Baden-Powell, associada ao primeiro curso realizado em Gilwell Park, de 8 a 19 de setembro de 1919.
O símbolo do treinamento são duas pequenas contas de madeira, cópia de um velho colar presenteado a Baden-Powell por Dinizulu, rei Zulu, durante sua permanência na África austral, em reconhecimento à superioridade guerreira e pelo tratamento digno dado ao rei e a seu povo.
O colar de contas original encontra-se guardado na “Baden-Powell House” em Londres. É um colar de aproximadamente 7 metros, com mais de 2.000 contas de madeira, passadas ao fogo. Na sua origem, a conta de madeira passada pelo fogo, representava o tição do primeiro fogo aceso pelos antepassados. As contas foram esculpidas de uma madeira africana de cor amarela e de medula macia, que deixava um pequeno entalhe natural em cada extremidade quando era trabalhada. As contas evocam também o “fogo sagrado”, símbolo de fidelidade a um ideal.
Neste primeiro curso em Gilwell Park, que foi dirigido por Francis Gidney, com apoio de Baden-Powell , que presteou a cada um dos participantes com duas contas do colar que pertencera ao chefe africano. A idéia era conceder algo que tivesse um significado maior que um diploma ou certificado.
Os portadores da Insígnia de Madeira usam uma correia que tem suas extremidades unidas por um nó de aselha e, em cada ponta, fixadas as contas por um cote de uma volta. Quando a correia possuir duas contas, uma em cada ponta, significa que o seu portador é Escotista ou Dirigente com a Insígnia de Madeira concluída.
Três contas, uma em uma ponta e duas em outra, significa que o seu portador é Diretor de Curso Básico. Quatro contas, duas em cada ponta, refere-se ao Diretor de Curso Avançado.
O lenço de Gilwell foi criado por Baden-Powell a pedido de seus primeiros alunos. Primeiramente foi confeccionado inteiramente no tecido “tartan”, homenageando o clã familiar dos MacLaren, mas que se mostrou futuramente muito oneroso e de difícil aquisição. Alterou-se para o tecido do uniforme do Exército Colonial Inglês, aplicando-se na ponta triangular um retângulo do “tartan” MacLaren, mantendo-se assim a referência aos que adquiriram as terras de Gilwell.
Seu portador é um integrante do 1º Grupo de Gilwell, bem com, anunciam um conjunto de valores atribuídos ao escotista que é seu portador.
O primeiro valor é a LEALDADE:
– Seu portador deve ser um escotista formado e qualificado para exercer a missão de educador com uma reconhecida competência através da práticade um Escotismo de acordo com seus Princípios e Fundamentos que o regem.
O segundo valor é a IDONEIDADE MORAL:
– Sendo o Escotismo um método de educação baseado na prática de princípios morais e éticos expressos na Lei e na Promessa Escoteira, o educador que é chamado a aplicar tal programa, não pode ele mesmo, deixar de ser um exemplo de vivência desses Princípios. Essa é, por conseguinte, uma condição ímpar a exigir aos portadores da Insígnia da Madeira, curso que deve ser o compromisso maior de todo escotista na sua formação.
O terceiro valor, decorrente do anterior, tem a ver com a FIRMEZA DO COMPROMISSO, como segue:
– uma responsabilidade de aplicação das suas competências a serviço do jovem;
– uma responsabilidade de auto-avaliação contínua e permanente, no sentido de desenvolver cada vez mais aquelas competências e dar testemunho daqueles valores;
– uma responsabilidade de disponibilidade pessoal e de abertura, sem a qual os anteriores não são possíveis. Por tudo isso, a Insígnia da Madeira deve ser vista como um desafio e, não como uma distinção ou prêmio. O portador da Insígnia deve ter em alta conta sua grandeza pessoal e humildade de caráter e, quando não conseguir mais, por qualquer motivo, prosseguir nesta jornada proposta, retirar-se preservando aquilo que ele tanto ajudou a projetar. Outros virão para continuar a elevar estes valores intrínsecos da Insígnia da Madeira, lembrem-se; somos um Movimento Escoteiro.

Página criada em 26/04/2016 e alterada em 04/09/2020.